04/08/2010

PAPAI, SOU EU!




Sou eu, Papai!



Acordei com a saudade batendo na porta do meu coração!




Não resisti, e bati na porta do céu:


toc toc toc...  Sou eu papai!


Então,
fui escrevendo...


...Está tão presente, nas minhas lembranças da infância, um fato que ocorria quase diariamente:
 Meu pai chegava do trabalho, à noite, cansado, se assentava para jantar, cercado pelos filhos. Éramos tres mulheres e dois homens.
Uma  luz morteira e fraca sobre a mesa, iluminava pouco o cômodo, muitas vezes, a luz de uma vela era usada para melhorar a luminosidade da sala. A energia elétrica era fraquinha não tocava qualquer motor, chegava muito acanhada ainda , na nossa cidade do interior.
Timidamente, envergonhada, acompanhava-o até a mesa, com o maior desejo de me aninhar em seu colo, permanecia de pé ao seu lado, enquanto minhas irmãs mais novas, subiam no seu colo se acotovelando e brigando pelo lugar, calmamente ele as colocava no colo, uma em cada perna... Meu olhar invejoso, me trairia se ele me observasse, uma vontade louca de estar no lugar delas me consumia, me segurava, e naquela penumbra ninguem percebia, ao seu lado, bem pertinho, me apoiava no pé da mesa,  com  meus olhos fixos nele!
Enquanto, calmamente ele se servia e mastigava, mãozinhas pequeninas, dedinhos fofinhos, pinçavam do seu prato a batatinha, a carne, o fio do macarrão, dividindo com as filhas, seu prato de comida. Elas tagarelavam muito, brigavam por quase tudo, faziam birra e as mesmas mãozinhas sujas de comida, no seu rosto pegavam virando-o de um lado para o outro, para que ele as olhasse com toda atenção.
Aflita, nervosa, nossa mamãe ralhava  dizendo: vocês todos já jantaram saiam e deixem o seu pai comer em paz! Vão brincar ou vão dormir...
 Seu jantar ele continuava, sem desautorizar minha mãe mas, penalizado pelos filhos pequenos.
Seu colo papai, era disputado e eu, filha mais velha, tinha que ceder meu lugar!
Deixe as meninas, Virginia, dizia...
Era este o tempo da FELICIDADE e da INOCÊNCIA, das estórias que eu absorvia cada palavra, que me faziam sonhar, voar no tempo e no espaço, um tempo com gosto de carinho, amor e aconchego!
Saudades!
Agora, é você no colo de Deus, papai, sinto que através do seu colo, o d’Ele posso sentir!
Desde que o devolvemos para Deus, sempre com Ele converso, procuro também por você, agora na glória eterna!
Agradeço-Lhe os anos que juntos Ele nos permitiu viver, pude lhe curtir, e já adulta, no seu peito muitas vezes, apoiei minha cabeça, e de seu cafuné, gostoso, sinto a maior falta!
 Devido a proximidade de nossas casas, para felicidade minha, mais que dos meus irmãos, com carinho de você tentei cuidar...
Certa do seu amor mas, só depois de sua partida, percebi claramente que era o eleito da minha vida!
Meu rosto ainda se ilumina e dos meus olhos escorrem  lágrimas, quando penso em você, nas minhas andanças reais e virtuais, na dança da vida.
Agradecida a DEUS,


nesta data especial,


deixo-lhe minhas ORAÇÕES e minhas SAUDADES!


...e sua BENÇÃO lhe peço, PAPAI!

2 comentários:

  1. Querida Celle!

    Imagino como se sente e como necessita falar com o seu amado pai, principalmente neste momento difícil.

    Saiba querida, que o meu já partiu há quase 7 anos e ainda penso nele todos os dias.
    Foi o meu irmão, o Jorge, o mais novo de todos, a partir primeiro, depois meu pai e um anos depois a minha mãe.
    Para não lhe falar do José, ele perdeu os psis, um atrás do outro, quando ambos tinham apenas 60 anos de idade e logo depois o irmão mais novo, também!

    Foi muito sofrimento junto...pensei que nunca mais superaríamos tanto sofrimento!
    Cá estamos querida! A vida continua, as feridas vão sarando e fica um grande vazio em nós que só com o tempo e as boas lembranças é suportável.

    Vá desabafando, chore muito, tudo, limpe sua mágoa, afogue-a se for necessário, mas tente pensar que a vida é um bem que não nos pertence!

    Um abraço apertadinho cheio de carinho e amor.
    Beijos

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  2. Querida Fernanda!
    É muito reconfortante as palavras dos amigos nestes momentos de dor! Nossa fragilidade nos deixa carentes de carinho e mimos,e tem se mostrado amiga e solidária. Obrigada, sua vivência anterior me deixa esperançosa, na certeza de que a vida continua, há sempre um novo amanhecer!
    Obrigada!
    Celle

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