26/08/2010

O PARTO DA CIGANA

DO LIVRO: REMINISCÊNCIA DE UM MÉDICO
Casos do Dr. Avellar


Em O Parto da Cigana, ele, médico recém formado, sem experiência, vai examinar uma parturiente. Exame feito, verifica a necessidade de usar o fórceps. Manda um bilhete para o médico mais próximo, Dr. Bernardo Mascarenhas, solicitando o empréstimo do instrumento - o estojo próprio ainda não viera do Rio - e fica aguardando: "Passei o dia inquieto, lendo inúmeras vezes as regras de aplicação do fórceps.” Continua o escritor: “Na enfermaria de partos havia assistido e ajudado muitas aplicações do fórceps: mas eu mesmo não havia feito nenhum. Estava, portanto, contrariadíssimo e fazendo votos para que ou voltassem as contrações uterinas e a cigana tivesse normalmente seu parto, ou então para que não fosse encontrado o Dr. Bernardo Mascarenhas, e não viesse o fórceps.” O sincero do depoimento prossegue, com o bom humor e a verve do escritor: "Às dez da noite, tive o desapontamento de receber o fórceps, trazido pelo cigano, que estava à minha espera na porta, com animal arreado. Era uma noite tempestuosa e horrivelmente escura. Bifurquei-me no animal e lá fui, escoltado por quatro ciganos, sendo o animal puxado por um deles, tal era a escuridão da noite. Fui com a impressão da vítima que caminha para o patíbulo..."
 “Achei a parturiente passando muito mal, tendo perdido os sentidos logo que comecei a aplicação do fórceps. Os ciganos faziam um berreiro infernal, exclamando que “Mocinha”, assim chamavam a parturiente, vai morrer, e eu comigo calculava que, se tal acontecesse, era uma vez a minha vida...”
Tudo terminou a contento. O jovem médico salvou a mãe e a criança. Os ciganos gritaram fizeram um berreiro tal, de pura alegria, que o médico cansado de tanta emoções, comenta com graça: ”Quase me matam de gratidão.”

A nota realista sempre presente. Você ja sentiu, às vezes, como certas gratidões são de fato um tanto cansativas?

2 comentários:

  1. Celle.

    Visito algumas páginas, leio, e divulgo o Verde Vida; dedicado à causa ambiental e humanística.

    Meu espaço é múltiplo, mas não possui toda esta sensibilidade bem formatada.

    Se puder, faça-me uma visita, ficarei feliz.

    Que a sua jornada seja longa.

    http://www.vervida.blogspot.com

    ResponderExcluir
  2. Querida Celle,

    Por vezes gratidão ou elogios em exagero incomodam mais do que uma condenação.Se entramos no jogo, depois somos apelidados de vaidosos, se procurarmos ser impassíveis, chamam-nos de «cara de pau».
    Por vezes é preferível ser ignorado.

    Beijos
    João
    Do Miradouro

    ResponderExcluir

COMO ME ALEGRA SUA VISITA!
OBRIGADA!
DEIXE SEU COMENTÁRIO...
Não possuindo conta no Google comente como Anônimo e assine, assim saberei que me visitou e deixou seu parecer.
Beijinhos
Celle