DO LIVRO: REMINISCÊNCIA DE UM MÉDICO
Casos do Dr. Avellar
Em O Parto da Cigana, ele, médico recém formado, sem experiência, vai examinar uma parturiente. Exame feito, verifica a necessidade de usar o fórceps. Manda um bilhete para o médico mais próximo, Dr. Bernardo Mascarenhas, solicitando o empréstimo do instrumento - o estojo próprio ainda não viera do Rio - e fica aguardando: "Passei o dia inquieto, lendo inúmeras vezes as regras de aplicação do fórceps.” Continua o escritor: “Na enfermaria de partos havia assistido e ajudado muitas aplicações do fórceps: mas eu mesmo não havia feito nenhum. Estava, portanto, contrariadíssimo e fazendo votos para que ou voltassem as contrações uterinas e a cigana tivesse normalmente seu parto, ou então para que não fosse encontrado o Dr. Bernardo Mascarenhas, e não viesse o fórceps.” O sincero do depoimento prossegue, com o bom humor e a verve do escritor: "Às dez da noite, tive o desapontamento de receber o fórceps, trazido pelo cigano, que estava à minha espera na porta, com animal arreado. Era uma noite tempestuosa e horrivelmente escura. Bifurquei-me no animal e lá fui, escoltado por quatro ciganos, sendo o animal puxado por um deles, tal era a escuridão da noite. Fui com a impressão da vítima que caminha para o patíbulo..."
“Achei a parturiente passando muito mal, tendo perdido os sentidos logo que comecei a aplicação do fórceps. Os ciganos faziam um berreiro infernal, exclamando que “Mocinha”, assim chamavam a parturiente, vai morrer, e eu comigo calculava que, se tal acontecesse, era uma vez a minha vida...”
Casos do Dr. Avellar
Em O Parto da Cigana, ele, médico recém formado, sem experiência, vai examinar uma parturiente. Exame feito, verifica a necessidade de usar o fórceps. Manda um bilhete para o médico mais próximo, Dr. Bernardo Mascarenhas, solicitando o empréstimo do instrumento - o estojo próprio ainda não viera do Rio - e fica aguardando: "Passei o dia inquieto, lendo inúmeras vezes as regras de aplicação do fórceps.” Continua o escritor: “Na enfermaria de partos havia assistido e ajudado muitas aplicações do fórceps: mas eu mesmo não havia feito nenhum. Estava, portanto, contrariadíssimo e fazendo votos para que ou voltassem as contrações uterinas e a cigana tivesse normalmente seu parto, ou então para que não fosse encontrado o Dr. Bernardo Mascarenhas, e não viesse o fórceps.” O sincero do depoimento prossegue, com o bom humor e a verve do escritor: "Às dez da noite, tive o desapontamento de receber o fórceps, trazido pelo cigano, que estava à minha espera na porta, com animal arreado. Era uma noite tempestuosa e horrivelmente escura. Bifurquei-me no animal e lá fui, escoltado por quatro ciganos, sendo o animal puxado por um deles, tal era a escuridão da noite. Fui com a impressão da vítima que caminha para o patíbulo..."
“Achei a parturiente passando muito mal, tendo perdido os sentidos logo que comecei a aplicação do fórceps. Os ciganos faziam um berreiro infernal, exclamando que “Mocinha”, assim chamavam a parturiente, vai morrer, e eu comigo calculava que, se tal acontecesse, era uma vez a minha vida...”
Tudo terminou a contento. O jovem médico salvou a mãe e a criança. Os ciganos gritaram fizeram um berreiro tal, de pura alegria, que o médico cansado de tanta emoções, comenta com graça: ”Quase me matam de gratidão.”
A nota realista sempre presente. Você ja sentiu, às vezes, como certas gratidões são de fato um tanto cansativas?
Celle.
ResponderExcluirVisito algumas páginas, leio, e divulgo o Verde Vida; dedicado à causa ambiental e humanística.
Meu espaço é múltiplo, mas não possui toda esta sensibilidade bem formatada.
Se puder, faça-me uma visita, ficarei feliz.
Que a sua jornada seja longa.
http://www.vervida.blogspot.com
Querida Celle,
ResponderExcluirPor vezes gratidão ou elogios em exagero incomodam mais do que uma condenação.Se entramos no jogo, depois somos apelidados de vaidosos, se procurarmos ser impassíveis, chamam-nos de «cara de pau».
Por vezes é preferível ser ignorado.
Beijos
João
Do Miradouro