13/07/2011

DESPEDIDA DO TREMA


Simplesmente fantástico !!! Não sei quem escreveu, mas quem assina é o TREMA ...
É uma tremenda aula de criatividade e bom humor, por sinal, com acentuada inteligência. A consequência não poderia ser outra: uma agradável leitura...


Despedida do TREMA
Estou indo embora. Não há mais lugar para mim. Eu sou o trema. Você pode nunca ter reparado em mim, mas eu estava sempre ali, na Anhangüera, nos aqüíferos, nas lingüiças e seus trocadilhos por mais de quatrocentos e cinqüentas anos.
Mas os tempos mudaram. Inventaram uma tal de reforma ortográfica e eu simplesmente tô fora. Fui expulso pra sempre do dicionário. Seus ingratos! Isso é uma delinqüência de lingüistas grandiloqüentes!...
O resto dos pontos e o alfabeto não me deram o menor apoio... A letra U se disse aliviada porque vou finalmente sair de cima dela. Os dois pontos disse que seu sou um preguiçoso que trabalha deitado enquanto ele fica em pé.
Até o cedilha foi a favor da minha expulsão, aquele C cagão que fica se passando por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra. E também tem aquele obeso do O e o anoréxico do I.
Desesperado, tentei chamar o ponto final pra trabalharmos juntos, fazendo um bico de reticências, mas ele negou, sempre encerrando logo todas as discussões.
Será que se deixar um topete moicano posso me passar por aspas?... A verdade é que estou fora de moda. Quem está na moda são os estrangeiros, é o K e o W, "Kkk" pra cá, "www" pra lá.
Até o jogo da velha, que ninguém nunca ligou, virou celebridade nesse tal de Twitter, que aliás, deveria se chamar TÜITER.
Chega de argüição, mas estejam certos, seus moderninhos: haverá conseqüências! Chega de piadinhas dizendo que estou "tremendo" de medo.
Tudo bem, vou-me embora da língua portuguesa. Foi bom enquanto durou. Vou para o alemão, lá eles adoram os tremas. E um dia vocês sentirão saudades. E não vão agüentar!...
Nós nos veremos nos livros antigos. saio da língua para entrar na história.
Adeus,
Trema.

Um comentário:

  1. Amiga Celle,

    Permita que aqui coloque o comentário já colocado no nosso blogue Sempre Jovens, com pequenos retoques.

    Os políticos que gerem a nossa vida pública falam muito de liberdade, de direitos humanos e de respeito pelas pessoas. Puro engano, falácias, aldrabices é o que tais discursos são.

    Na realidade, nós somos obrigados a vegetar num cárcere, sujeitos a 1001 regras e a milhões de pequenas alíneas que nos restringem os gestos, as palavras, as acções. Ao respirar e fazer um gesto, temos ou devemos pensar se estamos legais, se estamos a cumprir todas essa miríades de condicionamentos, porque pode aparecer um policial com bastão a agredir-nos, a interrogar-nos e fazer pagar uma coima, ou a irmos detidos e ter de responder em tribunal e pagar a um defensor.

    Essa mentalidade de carrascos e de guardas prisionais é geral em todo o vil ser humano que é investido de poder. Abusam, com arrogância e teimoso autoritarismo.

    Isso acontece em todos os aspectos da vida humana e, por isso, surgem os condicionamentos variados como os do trânsito, quase sempre incoerentes, desnecessários e inúteis que não impedem a sinistralidade, e agora surgiu a imposição de alterações da escrita em vez de a deixar evoluir com a prática como sempre aconteceu desde os tempos mais remotos até hoje.

    Quem parte leva saudades, quem fica saudades tem. O trema faz sua despedida, com muita dignidade, com o valor de quem deseja ser recordado com apreço. Só quem tem valor intrínseco e muita categoria no domínio do idioma, que nos deixam ter, consegue expressar-se de forma tão digna. Por isso, o trema merece estas minhas cogitações que lhe dedico com companheirismo e apreço.

    Oxalá os guardas vigilantes que nos condicionam a existência não nos imponham uma moda estranha em nome da igualdade de rebanho. Sou alérgico a tal domínio castrador.

    Beijos
    João

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