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O plano da migração da ONU de Guterres é
financiar escravos saudáveis
A população europeia está a estagnar. E parece não querer saber: hoje há mais
alertas e preocupações a propósito da próxima vaga tecnológica 5g do que
perante a tempestade demográfica que se está a formar sobre o Ocidente. talvez
o cenário seja tão negro que ninguém queira ousar ser o arauto da tragédia. mas
não é uma tragédia, é pior: uma catástrofe
1.
O cenário
Uma cultura, um país,
uma comunidade só se renova sob a fecundidade de 2,1 filhos por mulher. Esta é
a condição técnica fundamental para a renovação demográfica. Abaixo deste
valor, tal cultura ou comunidade terá muita dificuldade em se renovar.
A Europa está com uma
taxa de fertilidade de 1,32 filhos por mulher, muito abaixo dos 2,1. Isto
indica que a cultura da Europa terá muita dificuldade em se renovar. Se não for
mesmo impossível a sua renovação.
Os nossos políticos e
burocratas sabiam, porque são pagos para saberem isto. E hoje estão a tentar
resolver o problema demográfico (que criaram) importando migrantes, sob o lema
do humanitarismo. O problema é que podem-se renovar números estatísticos, não
culturas. Por exemplo, em Inglaterra, em 2017, mais de metade dos nascidos eram
filhos de pais não ingleses. A mesma tendência ocorre na Alemanha e na França.
A preocupação ocorre
quando a cultura europeia, confrontada com uma aceleração rápida de migração e
com a estagnação da fertilidade endógena, tem dificuldade em se renovar. Porque
a identidade cultural só pode ser renovada endogenamente, doutra forma terá
muita dificuldade de se perpetuar.
É que identidade
cultural europeia significa liberdade de expressão, igualdade de direitos
individuais, anti-discriminação. Tudo o que as culturas de migrantes estão a
forçar, por adaptação, que seja destruído na Europa - e que os burocratas
aplaudem, porque essa era a sua intenção.
A União Europeia
proclamou, pelo Tratado de Lisboa de 2000, que iria manter um posicionamento
estratégico internacional da Europa em duas premissas: tecnologia da informação
e sociedade do conhecimento (pela federalização e perda de soberania das,
agora, 31 nações). E nunca valorizou, de propósito, o sector social e humano.
Ou seja, não investiu no potencial dos humanos europeus. Os burocratas
investiram em joguinhos financeiros e tecnologia, mas não nas famílias nem nas
comunidades existentes. A consequência disso foi o fracasso do tal Tratado de
Lisboa.
A Europa nunca esteve
tão vigorosamente tecnológica nos últimos 30 anos, no entanto entrou em
declínio. Porquê? Inverteu as prioridades. Não valorizou a população, família,
gerações, comunidades locais, como prioridade fundamental. Valorizou o
artificial, a tecnologia acessória que nos deveria servir e não vice-versa.
Este investimento
cego na tecnocracia e no federalismo levou não só à estagnação da demografia
europeia, como à estagnação do PIB da Zona Euro, como confirmou Mario Drahggi,
recentemente (se esta estratégia visava uma competição com os EUA, acabou por
perdê-la em toda a escala, dado o ressurgimento da economia americana pelo
bem-sucedido nacionalismo de Donald Trump).
Sob este cenário
deceptivo da tecnocracia europeia, não admira que os jovens, homens e mulheres,
famílias que querem ter filhos, se sintam frustrados diante dos apoios e
perspectivas, daqueles para quem pagam IMI e outros impostos estéreis.
Na Europa da «liberdade»
de hoje, os europeus reclamam o direito à sua própria liberdade de expressão,
que lhes foi transmitido pelos seus pais e gerações anteriores.
2. O futuro
Todo este cenário não
seria tão catastrófico, pode-se pensar, se se tratasse apenas da renovação
cultural, da Língua, expressão, costumes e tradições.
É pior. Trata-se da
sobrevivência do próprio sistema. É que com esta perda de população, o sistema
económico fica em dúvida. Porque daqui a 20-30 anos haverá muito menos
mão-de-obra disponível para produzir. E menos produção significa menos
impostos. Menos impostos significa menos pensões, que serão também mais baixas,
e menos benefícios da Segurança Social do Estado. Uma armadilha circular.
Uma economia
funciona, principalmente, pela quantidade da sua população activa. Pelo
investimento no factor humano. A Europa tem secundarizado o humano em benefício
da ilusória sacrossanta tecnologia. Se a Europa já produz menos do que os EUA,
porque exerce menos horas de trabalho ‘per capita’ e tem menos população activa
do que os EUA, o futuro é ainda mais negro. Embora os EUA também estejam a
perder população, o problema europeu é de longe mais preocupante. Pelo menos,
os EUA têm uma economia em algum avanço, enquanto a Europa vive numa ilusão,
hoje reconhecida como estagnação sem solução, nos escritórios cegos do
centralismo de Bruxelas. Porque está a perder população e a migração não tem
qualificações nem vontade de as ter utilmente.
3. A solução burocrática da UE
Os burocratas
tentaram resolver a situação com burocracia. Isto é, sabiam do declínio da
demografia europeia e quiseram gerar, cosmeticamente, melhor quadro
estatístico. Solução: decidiram pela importação de migrantes - para fazerem
número e eventualmente reproduzirem-se. Falhou.
Primeiro,
tais migrantes entraram em choque com uma cultura de longe mais avançada do que
a de origem (por isso os burocratas da UE estão a tentar rebaixar a cultura
europeia e a exigência curricular académica). Em Inglaterra, os migrantes eram,
até há pouco, tão impunes que a polícia tinha ordens para deter denunciadores
de crimes perpetrados por muçulmanos e perseguia os «islamofóbicos» (sic).
Segundo,
a vaga de migrantes gerou mais instabilidade e terrorismo, o que diminui a
confiança dos casais e famílias.
Terceiro,
obrigaram a transferir mais carga fiscal para adornar os migrantes, retirando
apoio à renovação geracional local soberana.
Quarto, quase destruíam a Europa,
se não fosse a teimosia nacionalista e populista de homens
e mulheres deste velho continente, que alertaram para estas questões.
Quinto,
tais burocratas enfrentam o enforcamento político, nas urnas e na sociedade -
como se vê pelos movimentos nacionalistas e dos coletes amarelos.
4.O cinismo
colonialista europeu
Quando me propus
fazer esta investigação acerca do futuro demográfico da Europa, encontrei uma
das maiores e inesperadas aberrações sociais que vi nos últimos anos. E algo
que, de todo, me teria passado ao lado, se não quisesse ir ao fundo do fundo
desta temática.
Vou explicar: os
países europeus são, no mundo, os que mais contribuem nos campeonatos da
generosidade para com os países do Terceiro Mundo. São, também, aqueles que
mais acolhem migrantes desses países. Parece retórica simples, mas o cenário é
sinistro: estes países europeus estão a dar dinheiro a países do Terceiro
Mundo, para terem mais esperança de vida e menos mortalidade infantil, o que países
populacionalmente sobrelotados como a Somália ou a Nigéria, que o Ocidente
apoiou.
Mas o esquema é mais
denso. Quem paga esta ‹generosidade› é quem trabalha, quem produz. Os
trabalhadores e a classe média europeia que, em breve, vão ver os seus
rendimentos orientados para emigrantes que enviarão cheques para as suas
famílias na Nigéria pagos pelos contribuintes europeus.
Trump propôs-se
ajudar os migrantes nos seus países de origem. Os países em referência
aplaudiram, mas a ONU, as ONGs e a comunidade mediática, não. Porquê? Porque
Trump acabaria com um fluxo de biliões que gira à volta do negócio de escravos,
desculpem, refugiados.
Estas políticas estão
generalizadas pela Europa, sob a propaganda de lema humanitário, mas o
objectivo é instrumentalizar os migrantes para empregos pouco qualificados e
colocados em zonas onde os nacionais não querem permanecer - daí as revoltas
recíprocas, dos migrantes frustrados e dos locais invadidos. Isto acontece na
Irlanda, na Bélgica, nas “no-go zones” da Suécia. Se isto não é engenharia
social para gerar eleitores e nova escravatura, é pelo menos incompetência da
mais dura.
5.Portugal no mapa
Em Março de 2017, a
agência Lusa noticiava que “Portugal é o país da União Europeia com a taxa de
fertilidade mais baixa e aquele onde mais diminuiu o número de nascimentos nos
últimos 15 anos, segundo os dados do Eurostat”.
Portugal tem, à
semelhança dos outros países europeus, das mais desesperadas taxas de futuro,
isto é, de natalidade: 1,3 filhos por mulher. Os tecnocratas atribuem esta
preocupante taxa a factores atomistas, como a maior informação da mulher que
lhes permite controlar o corpo, a substituição da carreira pela família, o
casamento tardio, uma sociedade mais próspera que permite mais desafogo e lazer
e menos preocupações ou planos. Técnicas de contracepção mais ‹avançadas› e a
legalização do aborto. Explicações válidas mas pouco úteis.
O que mudou, para
negativo, foi a “percepção de comunidade” dos portugueses. O que aconteceu
entre as gerações dos nossos avós rurais (na maioria) que tinham 5 ou 6 filhos
e havia apenas uma sardinha para todos ao jantar, e a de hoje, em que há apenas
um filho para jantar 5 ou 6 sardinhas, foi, não apenas uma mudança de atitudes,
mas também o desleixo intencional das nossas elites políticas.
Os nossos avós tinham
muitos irmãos porque eram mão-de-obra potencial, naquela altura; hoje, seriam potenciais
inúteis à procura de um emprego ‹satisfatório›.
Mas não só. As
famílias perderam a confiança no futuro. Se, há algumas gerações, «ter filhos»
significava mão-de-obra, também significava mais festa, mais interajuda, mais
comunidade. Com a litoralização portuguesa recente, o desenvolvimento
sócio-industrial e a maternidade do Estado, as famílias tendem a desligar os
seus vínculos familiares naturais e afectivos e a entregar-se, como escravos,
ao Estado risonho e assistencialista. Há poucas gerações, as famílias
portuguesas contavam, em casos de sobrevivência, com o empréstimo financeiro
familiar, que fortalecia laços; hoje, contam o banco, empresa ou com o Estado,
com quem quase chegam a núpcias.
6.Conclusão e soluções
Se as despesas com a
família bloqueiam a natalidade europeia, é muito porque na Europa se perdeu o
espírito de comunidade e interajuda. Se muitos de nós fomos criados com os
nossos avós, esse amparo hoje quase está desaparecido na tecnocracia europeia.
Como provam os dados estatísticos. Há teimosia nos portugueses e nos europeus.
Há alguma vontade de mudar e nota-se uma tentativa de reinvestir nas
comunidades. Uma vontade genuína, local. Mas não é o suficiente. Os portugueses
e europeus ainda se deparam com cargas fiscais que não lhes permitem, na
generalidade, estabelecer-se localmente e familiarmente.
Para inverter o
cenário desta baixa fertilidade europeia, serão precisos quase 50 anos. Não é
com migrantes hostis ou ignorantes da cultura ocidental que se vai fortalecer a
cultura europeia. Pelo contrário. Estes novos escravos serão apenas números
estatísticos que servirão para burocratas mostrarem obra, que não têm.
Nem será a ‘fathua’
islâmica que vai criar uma solução à Europa. O islão só visa a dominação, não a
colaboração - hoje, como previu Khadaffi, o islão está a conquistar a Europa,
sem espadas nem tiros, mas pela migração.
As soluções que
teremos de enfrentar são estas: primeiro, admitir que temos uma bomba-relógio
demográfica nas mãos; segundo, restaurar o espírito comunitário, valorizar o
humano, família, tradições, cultura, em detrimento da tecnocracia e da vaidade;
terceiro, aumentar a participação pública, em associações, assembleias
municipais e de freguesia; quarto, não esperar nem pela UE nem por qualquer
governo central para nos ajudar localmente; quinto, importar migrantes sim, mas
por quotas, segundo as nossas necessidades de trabalho.
Mas o mais importante
é namorar, casar, ter filhos. E muitos.
Para no futuro não se
sentirem sós. ■
DIABO nº 2198 de 12-02-2019, pág 12-13.
Por Augusto Deveza Ramos, sociólogo
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