A falta d'água já atinge 13,7 milhões de pessoas em 68
municípios de São Paulo, fora a capital. Desses, 38 já adotaram o racionamento,
três estão em situação de emergência e um em calamidade pública.
Grandes cidades do interior, como Campinas, Piracicaba e
Americana sofrem com a falta de água, mas não assumiram o racionamento. Na
terça-feira, 14, atendendo a pedido do prefeito Jonas Donizete (PSB), o
governador Geraldo Alckmin (PSDB) autorizou o aumento na liberação de água do
Sistema Cantareira de 3 metros cúbicos por segundo para 3,5 m3/s para evitar o
colapso no abastecimento de Campinas.
De acordo com a Sanasa, a empresa de saneamento da cidade,
com as altas temperaturas o consumo aumentou de 2,8 m3/s para 4 m3/s. A má
qualidade das águas do Rio Atibaia, onde é feita a captação, fez com que o
volume de água tratada fosse reduzido, "provocando problemas pontuais de
falta de água em algumas regiões da cidade".
Desde sexta-feira, a empresa utiliza 20 caminhões-pipa para
atender os bairros mais afetados. Em Bauru, 158 bairros vão conviver com
rodízio que começou na quarta-feira.
A comerciante Rosana Domingues está comprando água para
consumo. Já a cidade de Americana adotou anteontem o rodízio entre os sistemas
de captação para preservar os reservatórios, mas não admitiu o racionamento
oficialmente. O procedimento vale para toda cidade. Em Piracicaba, desde o
início do mês, pelo menos 20 bairros - mais de 100 mil pessoas - ficaram sem
água. Moradores alegam que há um rodízio disfarçado. O Serviço Municipal de
Água e Esgoto (Semae) alega que o desabastecimento foi causado por avaria em
uma adutora.
O Rio Corumbataí, que abastece a cidade, está com nível
muito baixo. Salto e Guararapes também optaram pelo racionamento esta semana.
Com racionamento desde fevereiro, Itu está sendo abastecida precariamente com a
compra de três milhões de litros de água por dia em outras cidades. No domingo,
no quarto protesto contra a falta de água, moradores interditaram uma rodovia e
incendiaram um ônibus. Oração Em Franca, a seca reduziu em 45% a vazão do Rio
Canoas - o principal manancial da cidade - e em 65% a do Córrego Pouso Alegre.
Ontem, ao visitar o Canoas e saber que os cortes de água
começariam, o vereador e pastor Otávio Pinheiro (PTB) rezou pedindo chuva, com
outros 12 vereadores e o diretor da Sabesp, Rui Engracia. "Fiquei muito
assustado quando vi aquela situação, com o rio baixo e cheio de terra",
justificou. Na cidade, a Sabesp não assumiu oficialmente o racionamento, mas
divulgou uma lista com dezenas de bairros que estão tendo o corte de água. Todo
dia, 27 caminhões-pipa buscam água em represas da região para completar os
reservatórios. O município de Cruzeiro, no Vale do Paraíba, adotou o
racionamento anteontem, em razão do baixo nível dos Rios Batedor e Passa Vinte.
Com o rodízio, o abastecimento fica interrompido durante 24 horas, em dias
alternados.
A telefonista Ana Cristina Ribeiro, moradora da Vila Brasil,
foi avisada que ficará sem água a partir das 7 horas de hoje. "Como só
tenho uma caixa, pedi à minha mãe para encher os baldes, pois não sabemos
quando a água vai voltar." Segundo ela, a cidade tem bairros altos que já
estão sem água há mais tempo. Moradores de Redenção da Serra reclamam da
interrupção no abastecimento e da qualidade da água, mas a Sabesp informou que
os problemas foram pontuais e já estão corrigidos. A Associação Pró-Gestão das
Águas da Bacia do Rio Paraíba do Sul (Agevap) prevê que as represas que
abastecem a região podem entrar em colapso em novembro, se não vierem chuvas em
volume suficiente para recuperar os mananciais.
As informações são do jornal O
Estado de S. Paulo.
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