13/05/2013

"NÃO QUERO TER FILHOS



Vi este fragmento (abaixo) no blog de uma amiga e achei interessante partilhar com vocês. Não partilho o radicalismo, nem me parece ser a proposta do texto. 
Achei de uma honestidade elementar e concordo com o ponto de vista da autora sob vários aspectos, inclusive no de lembrar a responsabilidade de ser mãe. 
Não basta colocar no mundo, trata-se de cuidar, educar, dar uma boa formação de caráter - para tanto, há de se ter essa boa formação... 
- e, enfim, não colocar para fora um "pedaço" de gente que achamos ser um pedaço da gente para tapar um buraco no qual não soubemos que peça colocar.
Não ao radicalismo e sim à reflexão!
E para todas as mamães que conseguem ser mamães de si mesmas... 
Para todas as mamães que conseguem amar seus filhos sem exigir nada em troca... 
Para todas as mamães que aceitam as diferenças entre elas e os filhos...
 Deixo aqui os meus parabéns pelo Dia das Mães.

"FILHO É PARA QUEM PODE"
Por *Mônica Montone

Eu, não posso! Apesar de ser biologicamente saudável.

Não posso porque desconheço o poço sem fundo das minhas vontades, porque às vezes sou meio dona da verdade e porque não acredito que um filho há de me resgatar daquilo que não entendo ou aceito em mim.

Acredito que a convivência é um exercício que nos eleva e nos torna melhores, mas, esperar que um filho reflita a imagem que sonhamos ter é no mínimo crueldade.

Não há garantias de amor eterno e o olhar de um filho não é um vestido de seda azul ou um terno com corte ideal. Gerar um fruto com o único intuito de ser perfumada por ele no futuro é praticamente assinar uma sentença de sal.

Filhos não são pílulas contra a monotonia, pílulas da salvação de uma vida vazia e sem sentido, pílula “trago seu marido de volta em 9 meses”.

Penso que antes de cogitar a hipótese de engravidar, toda mulher deveria se perguntar: eu sou capaz de aceitar que apesar de dar a luz a um ser ele não será um pedaço de mim e portanto, não deverá ser igual a mim? Eu sou capaz de me fazer feliz sem que alguém esteja ao meu lado? Eu sou capaz de abrir-mão de determinadas coisas em minha vida sem depois cobrar? Eu sou capaz de dizer “não”? Eu quero, mesmo, ter um filho, ou simplesmente aprendi que é para isso que nascemos: para constituir uma família?

Muitas das pessoas que conheço estão “neurotizadas”por conta de suas relações com as mães. Em geral, são mães carentes que exigem afeto e demonstração de amor integral para se sentirem bem e, quando não recebem, martirizam os filhos com chantagens, críticas e cobranças.

As mães podem ser um céu de brigadeiro ou um inferno de sal. Elas podem adoçar a vida dos filhos ou transformar essas vidas numa batalha diária cheia de lágrimas, culpas e opressões.

Eu, por exemplo, não consigo ser um céu de brigadeiro nem para mim mesma, quiçá para uma pessoinha que vai me tirar o juízo madrugadas adentro e, honestamente, acho injusto colocar uma criança no mundo já com essa missão no lombo: fazer a mamãe crescer.

Dar a luz a um bebê é fácil, difícil é ser mãe da própria vida e iluminar as próprias escuridões.

*Sobre a autora:
Primeiro ela criticou o hábito de sua geração de beijar qualquer pessoa em baladas e teve seu texto Ser ou não ser de ninguém, eis a questão da geração tribalista, divulgado na Internet como sendo do Jabor. Depois vociferou em recitais de poesia do Rio de Janeiro que “tem pena das mulheres que não gozam” em seu poema Tenho pena. Em seguida chocou algumas pessoas ao declarar que não quer ter filho na crônica Filho é para quem pode, publicada pela Revista O Globo do jornal O Globo -polêmica que a levou a falar sobre o assunto nos programas Sem Censura, Fantástico e Happy Hour - e agora se lança como cantora e letrista.
Artista campineira radicada no Rio de Janeiro, Mônica Montone é autora do livro “Mulher de Minutos”; Íbis Libris, 2003, e participou das antologias “República dos poetas; Museu da República, 2005” e Antologia Poética Ponte de Versos”; Íbis Libris, 2004, “Seleta de Natal”, poemas; organizada por Mauro Salles, 2006, “Poesia Sempre”, Fundação Biblioteca Nacional, 2007; “Poesia do Brasil”; Grafite, 2007, "Amar, verbo atemporal"; Rocco, 2012. Além disso, mantém na Internet um dos blogs exclusivamente de literatura mais bem visitados da rede, o “Fina Flor”.

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