26/08/2011

COBRA COMENDO COBRA


Extraido do blog "Casos e acasos" com autorização do autor
 para reflexão dos nossos visitantes. 
A  corrupção, no nosso país, é uma coisa vergonhosa. Parece uma novela infindável. Tão logo, apuram uma falcatrua que, normalmente, não dá em nada, já começa outra. A pessoa já entra para a política com a intenção de roubar. E, hoje, a roubalheira está generalizada. Começa numa Câmara Municipal de cidadezinha e vai parar na Presidência da República. A suspeição está em todos os pontos da política brasileira. Isso é, realmente, triste porque seria tão bonito se o ser humano fosse um pouco mais honesto. Mas, não é. O cidadão honesto que se envolve em política acaba sendo convertido em corrupto. Isso porque ajuntam o poder do cargo ao poder do dinheiro. Ambos possuem o germe da ambição. E é muito difícil dar um jeito nisso. Para resolver isso, a solução seria trocar a cabeça do povo através de uma nova cultura.
Mas, querendo ou não, temos que admitir que, em uma mistura de Itamar, Fernando Henrique e Lula, diante de todos os problemas de corrupção, o nosso país avançou. Estamos mais respeitados lá fora, a vida do pobre deu uma melhorada e o padrão de vida do brasileiro, visivelmente, está melhor. Haja vista que, nos dias atuais, não se vê carros caindo aos pedaços pelas ruas como eram no passado. O brasileiro está construindo mais. A saúde melhorou, a fome diminuiu, etc. É claro que estamos longe de atingir o ponto ideal, mas, a melhora é inegável. Como se vê, essa melhora foi construída em meio à corrupção porque esse câncer político tem sido incurável. E por que não tem cura? Não tem porque os políticos saem do povo. Qualquer Tiririca da vida serve para ser deputado. Jogadores de futebol que nunca tiveram tempo para ler algo sobre política, pois, são bitolados em noticiários esportivos, se aposentam do futebol e entram para a política buscando os votos dos fanáticos do futebol. Portanto, enquanto o povo brasileiro não criar vergonha na cara e votar direito, a corrupção vai continuar. E, entre aqueles que se dizem honestos, encontram-se as ninhadas dos desonestos. É como uma droga. O político novo entra para o meio e os “coronéis” do meio já providenciam o estupro moral, caso ele seja honesto. O homem é produto do meio e na política não é diferente. Lá, se não entrar no esquema, eles o queimam como queimam um palito de fósforo.


Certa vez, eu li alguma coisa sobre a reincidência e achei interessante. Aquele que comete um crime, pela primeira vez, tem vinte por cento de chance de cometê-lo de novo. Se isso vier a acontecer, as chances de reincidir aumentarão para cinquenta por cento. Caso recaia de novo, as chances agora serão de oitenta por cento. Daí pra frente, ele nunca mais deixará de cometer o crime. Não é à toa que a justiça está sempre dando uma chance para os criminosos primários. Mas, infelizmente, isso não se enquadra na política. Lá, está cheio de reincidentes e nada lhes acontece.

Há muitos anos eu morava em Governador Valadares e, como gerente de Banco, tinha alguns clientes, numa cidade próxima de lá. Açucena, uma cidadezinha exprimida no meio de serras e de acesso difícil, tendo em vista as estradas precárias, nesse tempo. Um amigo meu, levou-me a visitar a sua cidade e, como era envolvido com a política local, convidou-me para assistir uma reunião dos vereadores que acontecia, naquela noite, quando a Câmara iria propor a um determinado vereador que se renunciasse diante de um grave ato de improbidade que este teria cometido ferindo, frontalmente, o decoro parlamentar.

Eu nunca me vi num circo maior. Os vereadores se agrediam, enquanto uns defendiam; outros acusavam o ímprobo, ali em julgamento. Ao ter a chance de falar, o acusado foi curto e grosso:

“Meus queridos telespectadores. O que eu vô falá aqui serve só para os meus amigo de mintira. Os amigo de verdade pode tampá os ouvido. O que eu vô falá é só para essas excelências aí que está ofendendo a minha excelência. Eu num tô aqui a troco de voto robado. Eu fui um suprente bem votado. Eu num importo que o povo da rua me chama de ladrão, não! Lá, eles pode lati do jeito que quizé. Mas, aqui dentro, não! Aqui dentro, eu num aceito ninguém me chamá de ladrão, não! Tem muito nego aqui dentro passando a mão. E eu sei... Sei de tudo... Os qui mais fala de mim tá tudo com a mão na cumbuca. Só porque eu sô bobo e num tenho istudo? Óia aqui: Naquele que eu oiá eu vou tá falando com ele:

Eu num mexi cum muié dos ôto... Eu num durmi na casa de muié da vida... Eu num robei na divisa dos ôto.. Eu num cantei fia do ôto. Eu num tenho fio fora de casa... Eu num troquei voto a troco de teia... Eu num vivo de cuchicho com muié de vizinho...

E assim foi rodando o olhar para os adversários e botando os podres deles para fora. No final disse:


“--Jesus Cristo, o grande sabichão do mundo, falou, no meio duma turma, e eu vou falá aqui tamém: Quem num tivé curpa no cartório, que me joga a primeira pedra e pode jogá cum força memo.”

Foi cobra comendo cobra. E a reunião terminou em pizza...


Armando Melo de Castro
Lagoa da Prata – Minas Gerais

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