Rosana Braga
Se pensarmos na vida como um longo caminho, podemos fazer
analogias interessantes.
A começar pelos tão comentados obstáculos que temos de
aprender a ultrapassar ao longo dos anos...
Uns maiores, outros menores, cada qual traz consigo seu
nível de dificuldade, suas onseqüentes dores e seus preciosos aprendizados.
Mas hoje quero falar, sobretudo, dos buracos.
Alguns rasos, outros nem tanto.
E existem também aqueles que, de tão profundos, quando
caímos neles costumamos usar a expressão "cheguei ao fundo do poço!".
É claro que ninguém gosta de cair em buracos.
Por menores e mais rasos que sejam, no mínimo nos
desestruturam e nos fazem perder o "rebolado".
Mas o fato é que eles fazem parte de todos os caminhos, de
todas as pessoas, sem exceção,
embora sejam sempre únicos.
O problema é quando alguém busca conhecimento, estuda e se
sente tão crescido que passa a acreditar que isso é o suficiente para eliminar
os buracos de seu caminho, para fazer com que eles simplesmente não existam
mais.
Iludido e enganado por si mesmo, ao se deparar com um, vai ter de lidar ainda
com a ecepção, a frustração e a sensação
de que toda busca não valeu de nada!
Não caia nesta armadilha!
Saiba de antemão que os buracos vão existir pra sempre.
A diferença entre quem está consciente de si e de seu
caminho e quem não está, é que o primeiro vai saber evitar o tombo desviando a
tempo do buraco ou, pelo menos, levantar, sair dele e seguir em frente mais
rapidamente e, tomara, menos machucado.
E tem mais: podemos perceber, com a repetição de nossas
quedas, que muitos dos buracos de nossos caminhos são incrivelmente parecidos,justamente porque
a função deles é nos ensinar a mais difícil de todas as lições.
Portanto, se sua lição mais difícil é aprender a ser menos
teimoso, ou menos ansioso, ou menos inseguro, ou menos desconfiado, note bem: toda
vez que você se distrai ou acelera o passo mais do que deveria, cai num buraco
em que parece já ter caído inúmeras
vezes ntes.
Não é o mesmo! É outro! É novo!
Ele se repete à frente para que você acorde e, a cada queda,
consiga levantar com mais habilidade, e seguir em frente não reclamando e se
lamentando por ter caído mais uma vez; não se criticando e se culpando por ter
sido estúpido novamente.
Não!
Não há nenhuma estupidez na repetição do aprendizado, mas
sim vivência, privilégio e sabedoria!
Assim, se você está agora no chão, se acabou de cair num
buraco do seu caminho, não se sinta uma vítima e sim um escolhido pelo Universo
para se tornar mais forte e mais preparado.
Erga-se, mesmo doendo.
Saia do buraco, mesmo chorando. Outros buracos virão.
Novas cicatrizes ficarão cravadas em sua alma.
E tudo isso será a prova de que você não veio como
espectador e nem como coadjuvante de sua história.
E dê um passo à frente, e depois outro e outro, com a
certeza de que pode ir bem mais longe...
Você veio como protagonista e vai chegar até o fim com a
dignidade de quem não apenas cumpriu o seu destino, mas o esculpiu com coragem,
fé e atitude!
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